Uma das primeiras coisas que recordei hoje, assim que o dia amanheceu, foi uma coisa que sempre falava quando criança e até depois de crescida minha avó sempre falava em recordação aos anos anteriores e que eu sempre adorava ouvir... Saudade da época que era pequena, da época que tinha minha avó por perto, da época que Belém era mais calma, que as chuvas eram programadas, que o Círio de Nazaré terminava ao meio-dia, que os embrulhos dos mantimentos comprados na feira eram jornais velhos, que a meia-passagem estudantil era R$0,25... ai Belém, mudaste tanto, mas mesmo assim eu continuo te amando! Vou a outras cidades, mas a melhor parte de todas as viagens é quando retorno a ti, sua linda!
Bem Belelém! Viva Belém!
Manuel Bandeira
Bembelelém
Viva Belém!
Belém do Pará porto moderno integrado na equatorial
Beleza eterna da paisagem
Bembelelém
Viva Belém!
Cidade pomar
(Obrigou a polícia a classificar um tipo novo de delinqüente:
O apedrejador de mangueiras.)
Bembelelém
Viva Belém!
Belém do Pará onde as avenidas se chamam Estradas:
Estrada de São Jerônimo
Estrada de Nazaré
Onde a banal Avenida Marechal Deodoro da Fonseca de todas as cidades do Brasil
Se chama liricamente
Brasileiramente
Estrada do Generalíssimo Deodoro
Bembelelém
Viva Belém!
Nortista gostosa
Eu te quero bem.
Terra da castanha
Terra da borracha
Terra de biribá bacuri sapoti
Terra de fala cheia de nome indígena
Que a gente não sabe se é de fruta pé de pau ou ave de plumagem bonita.
Nortista gostosa
Eu te quero bem.
Me obrigarás a novas saudades
Nunca mais me esquecerei do teu Largo da Sé
Com a fé maciça das duas maravilhosas igrejas barrocas
E o renque ajoelhado de sobradinhos coloniais tão bonitinhos
Nunca mais me esquecerei
Das velas encarnadas
Verdes
Azuis
Da doca de Ver-o-Peso
Nunca mais
E foi pra me consolar mais tarde
Que inventei esta cantiga:
Bembelelém
Viva Belém!
Nortista gostosa
Eu te quero bem.
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