1 de abril de 2012

Professora Kate?

Quem me conhece mais intimamente sabe que uma frase que sempre usei foi "não quero ser professora, essa será minha última opção, só se algum dia estiver passando fome eu aceitarei dar aulas..." e esse tipo de frase sempre vinha muito bem justificada e cheia de argumentos. 
Pois bem, como diz minha mãe "eu paguei a minha língua" e paguei mesmo, pois mesmo não estando ao nível de passar fome, aceitei uma oferta para dar aulas para um curso técnico. Vi que não poderia deixar passar essa oportunidade, que as portas estavam se abrindo e eu não poderia fecha-las sem ao menos tentar entrar. 
Fui avisada apenas dois dias antes das aulas começarem e eu seria a primeira professora a ministrar aulas no curso. Os horários das aulas seriam das 14h às 18h e das 19h às 23h, um horário bem puxado pra quem não está acostumado. Sem contar o local das aulas, que fica em outro município (Ananindeua), que tem um acesso relativamente fácil, mas que demanda tempo pra chegar lá.
Não vou lhe enganar não, mas no começo foi muito difícil, principalmente em relação aos horários. Eu dormia cerca de 3h/noite (das 2h às 5h), no restante do tempo eu ficava preparando as aulas, pesquisando, selecionando material, estudando. Foi uma época bem complicada, larguei de mão minha família, meus amigos, meus horários de lazer, tudo por conta dessas aulas, mas agora está mais tranquilo, consegui tempo nos finais de semana para me organizar e até dormir um pouquinho (hehehe).
Estou na reta final desse desafio de ser professora, mais 5 dias de aula e a disciplina que estou ministrando termina, mas tenho certeza que algo de muito bom permanecerá em mim.
Um amigo que é professor, quando contei-lhe que iria ministrar aulas, disse-me "tu vais te apaixonar pela docência, só quem já fez isso sabe o quanto é bom ensinar aos outros" e quase ele acerta, pois realmente é legal você levar conhecimento à pessoas que você não conhece, que nunca viu, mas acho que não cheguei a me apaixonar, pois tudo tem seu lado bom e seu lado não tão bom assim e a docência não é exceção. 
O lado bom certamente é você vê que um aluno que, no primeiro dia de aula, disse-lhe que não sabia nada sobre o assunto e alguns dias depois já consegue conversar sobre isso "sem medo de ser feliz". E você poder corrigir uma prova discursiva e devolver ao aluno a prova com 9,5 estampado no canto superior direito da folha? Não tem preço! 
O lado não tão bom assim vem junto com aqueles alunos que não querem "nada com a história do Brasil", que pensam que a vida é uma eterna farra e acabam indo pra aula só pra perturbar a vida do professor... Mas enfim, isso faz parte da profissão.

Espero guardar as lembranças boas e tomar como ensinamento as ruins.

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